domingo, 28 de dezembro de 2008

(Imagem:Google)

We, unaccustomed to courage
exiles from delight
live coiled in shells of loneliness
until love leaves its high holy temple
and comes into our sight
to liberate us into life.
Love arrives
and in its train come ecstasies
old memories of pleasure
ancient histories of pain.
Yet if we are bold,
love strikes away the chains of fear
from our souls.
We are weaned from our timidity
In the flush of love's light
we dare be brave
And suddenly we see
that love costs all we are
and will ever be.
Yet it is only love
which sets us free.
Touched by an Angel by Maya Angelou

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

"It is never too late to be what we might have been."

~ George Eliot ~
Deparei-me com esta frase de George Eliot três vezes, em três sítios diferentes durante o dia de hoje e sem estar a ler nada da autora. Decidi prestar-lhe atenção e deixá-la instalar-se no labirinto. Afinal eu acredito em resoluções de Ano Novo e ainda há tantas coisas que não sou mas gostaria de ser... Tenho é de ter cuidado com o que desejo. Houve uma passa (de uva) de 2007 que me trouxe para Madrid. Em resposta a alguns leitores tímidos que teimam em não deixar comentários mas que me fazem perguntas para o email: o Natal é em casa. Que saudades do mar na minha janela!
Feliz Navidad!

domingo, 21 de dezembro de 2008

Thyssen e Filonov

(Foto:Google)



O museu Thyssen, no Paseo del Prado, apresenta a colecção de obras de arte reunidas pela família Thyssen-Bornemisza ao longo de duas gerações. As obras estão expostas nos quatro pisos do edifício e cobrem épocas desde o período medieval até ao Modernismo de vários países da Europa e dos Estados Unidos da América.

A exposição temporária, a única que tive tempo de visitar, intitulada "! 1914! The Avant-Garde and the Great War", deu-me a conhecer, entre outros, a obra de Pavel Filonov, um poeta e pintor russo do fim do Sec. XIX.

É curioso pensar como os momentos de grandes crises e tumultos sociais coincidem, quase sempre, com momentos de extraordinária criatividade e vitalidade artística. Não é de estranhar que experiências limite e uma realidade apocalíptica transformem as formas de representação e revolucionem o olhar e o discurso do artista.

A pintura acima é de Pavel Filonov, intitula-se "The German War" e é impressionante ao vivo.

Passeios madrilenos

Na Puerta del Sol, o Km 0 da cidade, as filas para comprar a lotaria de Natal tinham kilometros. Já ninguem acredita no Menino Jesus. Aqui estão alguns devotos da Santa Casa.




Passeios madrilenos

Goya, imponente, guarda o Prado

Qualquer semelhança com uma loja no Carnaval é mesmo só coincidência. Esta foto foi tirada hoje junto à Plaza Mayor. Os Madrilenos, jovens e menos jovens, passeiam pelas ruas da cidade exibindo perucas, cabeças de rena e auréolas feitas de plumas esvoaçantes.

A Plaza Mayor forma um quadrado onde se passeiam turistas, colecionadores de selos e caricas, autóctones barulhentos, observadores de camâra em punho, transeuntes apressados...


O edifício mais emblemático da Plaza Mayor é a la Casa de la Panaderia, mesmo ao centro, e ninguém fica indiferente às pinturas alegóricas na fachada do edifício.




quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Pelo caminho em Madrid

Caminante, son tus huellas*
el camino, y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante, no hay camino,
sino estelas en la mar.

Antonio Machado (1875-1939)

*footprints

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Há lugares assim

(Foto:labirinto)

(Foto:labirinto)



(Foto:labirinto)


http://www.solvingstonehenge.co.uk/ :The new key to an ancient enigma?

domingo, 7 de dezembro de 2008

Por amor a Ítaca


ARTE POÉTICA

Mirar o rio, que é de tempo e água,
E recordar que o tempo é outro rio,
Saber que nos perdemos como o rio
E que passam os rostos como a água.

E sentir que a vigília é outro sonho
Que sonha não sonhar, sentir que a morte,
Que a nossa carne teme, é essa morte
De cada noite, que se chama sonho.

E ver no dia ou ver no ano um símbolo
Desses dias do homem, de seus anos,
E converter o ultraje desses anos
Em uma música, um rumor e um símbolo.

E ver na morte o sonho, e ver no ocaso
Um triste ouro, e assim é a poesia,
Que é imortal e pobre.
A poesia Retorna como a aurora e o ocaso.

Às vezes, pelas tardes, uma face
Nos observa do fundo de um espelho;
A arte deve ser como esse espelho
Que nos revela nossa própria face.

Contam que Ulisses, farto de prodígios,
Chorou de amor ao avistar sua Ítaca
Humilde e verde. A arte é essa Ítaca
De um eterno verdor, não de prodígios.

Também é como o rio interminável
Que passa e fica e que é cristal de um mesmo
Heráclito inconstante que é o mesmo
E é outro, como o rio interminável.

Jorge Luis Borges in: "O Fazedor"
Trad. de Rolando Roque da Silva


sábado, 6 de dezembro de 2008

Morrissey- Years of Refusal


Morrissey's Years Of Refusal Album Art
It's been a longtime coming for Morrissey's followup to 2006's Ringleader Of The Tormentors. Or it just seems like we've been hearing about it and songs from it for quite a while. The final 12-song tracklist hasn't been entirely confirmed. So far it's unclear if "All You Need Is Me" will make the cut. It looks like That's How People Grow Up" definitely does. Speaking of which: the album art finds Moz with his little one in his (tattooed) arms.
So he's left holding the baby, right? That's his inner child? Why's there a "W" (or a butterfly?) on the tot's forehead and that mark on Morrissey's arm? Very Lil Wayne. The man (caterpillar) becomes the child (butterfly)? Very Wordsworth. Hopefully we get a bigger image soon so we can make out some of these finer points and see what M's trying to communicate to us...
Years Of Refusal is out 2/16 via Polydor/Decca. The first single "I'm Throwing My Arms Around Paris" is reportedly out 2/9.


UPDATE: Tracklist...
1. "That's How People Grow Up"


3. "Sorry Doesn't Help"

4. "When Last I Spoke To Carol"


6. "I'm OK By Myself"


8. "Black Cloud"

9. "You Were Good In Your Time"

10. "I'm Looking Forward To Going Back"

11. "I Was Bully, Do Not Forget Me"

12. "One Day Goodbye Will Be Farewell"

Comparatively cheery!
Posted at 10:55 AM by brandon in Tags:

Porto escondido

(Foto:labirinto)


quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Celebração

(foto:Labirinto)


"Slow down and enjoy life. It's not only the scenery you miss by going too fast- you also miss the sense of where you are going and why."

Eddie Cantor (1892 - 1964)

Caminha/A Guarda em retiro. Um lugar perfeito para celebrar a vida.

À procura do mundo

Quem já desceu o Lima ou o Douro num dia cinzento de Inverno saberá do que falo. O Minho reserva surpresas até a quem lá cresceu, o que não é o meu caso. Entre aldeias e quintas, vilas e vilarejos, cais de pequenas embarcações convidam a fazermo-nos ao rio, a penetrar na neblina e a deambular entre a vegetação que se ergue, ao fundo, melancólica.
Hoje desci o Lima devagar, não como quem passeia ou como quem simplesmente passa, mas como quem está e se perde. Algumas das imagens que o rio generosamente me ofereceu não cabem no olhar mas enchem a memória e a alma de um travo bucólico que perdurará.
Quase a chegar a Viana, numa terra simpática de nome Carreço, encontramos o recanto onde o escritor Ruben A. decidiu ser sepultado, não obstante ter vivido e trabalhado em Inglaterra muitos anos. Apesar de adormecido sob um manto simples de granito coberto de pedrinhas cinzentas, pedacinhos de mar que se ouve e cheira ali tão perto, Ruben A. permanece na sua obra.
Presto a minha simples homenagem a um homem simples que encontrei num dia melancólico, sem pressas, ânsias ou necessidade de anular o espaço/tempo entre um instante e outro, entre um pensamento e o seguinte.


"A ânsia de matar tempo, de liquidar o espaço de dias entre um acontecimento e o que lhe sucede, transmite, tanto em casos de amor como em outros, fins importantes, um estado de alma que se preocupa exclusivamente em atingir esse alvo previamente estabelecido. Não se pensa em mais nada. Semelhante à situação criada quando se sabe de antemão que se vai encontrar determinada pessoa que nos interessa muito. Fica-se incapaz de articular palavra, de estreitar vínculo com quem quer que seja que se nos atravesse no caminho. Está-se a viver em outrem, num estado fora da relação humana do dia a dia. Nem sequer ouvimos os sons, arrepiamos a pele ao tomar conhecimento consciente de notícias que já sabíamos de antemão pertencerem ao domínio público. Esta é também a ânsia do suicida que nada mais faz entre a decisão de cometer o homicídio e a prática do acto extremo. "

Ruben A., in "O Mundo À Minha Procura I"


Para ler outros textos do autor:
http://www.citador.pt/pensar.php?pensamentos=Ruben_A_&op=7&author=1144

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Farewell by Rabindranath Tagore

I have got my leave.
Bid me farewell, my brothers!
I bow to you all and take my departure.
Here I give back the keys of my door ---
and I give up all claims to my house.
I only ask for last kind words from you.
We were neighbors for long,
but I received more than I could give.
Now the day has dawned
and the lamp that lit my dark corner is out.
A summons has come
and I am ready for my journey.
Encontrei este site inteiramente dedicado a labirintos. Fica aqui o link:

http://labyrinthsociety.org/

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A leitura como descoberta

Em resposta à eterna pergunta "Onde nos podemos encontar?" cabe sempre um livro.
Revisito as palavras de Harold Bloom à procura de uma resposta a outra questão que uma leitura disciplinada me impõe responder:"Onde recomeçar?"
"Yet the strongest, most authentical motive for deep reading of the now much abused traditional canon is the search for a difficult pleasure. I am not exactly an erotics-of-reading purveyor, and a pleasurable difficulty seems to me a plausible definition of the Sublime, but a higher pleasure remains the reader's quest. There's a reader's Sublime, and it seems the only secular transcendence we can ever attain,except for the even more precarious transcendence we call "falling in love". I urge you to find what truly comes near to you, that can be used for weighing and for considering. Read deeply, not to believe, not to accept, not to contradict, but to learn to share in that one nature that writes and reads."

Life by Charlotte Bronte

Life, believe, is not a dream
So dark as sages say;
Oft a little morning rain
Foretells a pleasant day.
Sometimes there are clouds of gloom,
But these are transient all;
If the shower will make the roses bloom,
O why lament its fall ?

Rapidly, merrily,
Life's sunny hours flit by,
Gratefully, cheerily,
Enjoy them as they fly !

What though Death at times steps in
And calls our Best away ?
What though sorrow seems to win,
O'er hope, a heavy sway ?
Yet hope again elastic springs,
Unconquered, though she fell;
Still buoyant are her golden wings,
Still strong to bear us well.
Manfully, fearlessly,
The day of trial bear,
For gloriously, victoriously,
Can courage quell despair !

Charlotte Bronte

terça-feira, 18 de novembro de 2008

"I have found, on my walks here a dozen places as I think to which one might fitly go on pilgrimages, but they are sudden, unexpected, secret; no one perhaps, will step that way for weeks, or will see precisely what I saw for months, or even years. Those are the sights which surprise the solitary walker and linger in the memory."


Virginia Woolf, "A Passionate Apprentice"

A cidade dos anjos

(foto google:por enquanto)

Algum recado para as celebridades da setima arte?Hello California! Hello LA!

domingo, 16 de novembro de 2008

Harlem - NYC

(google imagens)

O Labirinto encontrou esta fotografia e nao resistiu. Há por ai um 'artista maldito' a brincar aos médicos e amanhã, mal desperte da anestesia, quero que veja este nu em Harlem que lhe dedico agora. Um nu porque ninguem o entende melhor, em Harlem porque por lá lhe passeia uma parte da alma.

Parques Nacionais - USA

Ainda em Arches - Utah

(Foto por Labirinto)


Parques Nacionais - USA

Arches - Utah






(Fotos por Labirinto)

Parques Nacionais-USA

Mesa Verde - Colorado




(Fotos por Labirinto)

Parques Nacionais - USA


Grand Canyon

(Fotos por Labirinto)



Let America Be America Again by Langston Hughes


Let America be America again.

Let it be the dream it used to be.

Let it be the pioneer on the plain

Seeking a home where he himself is free.

(America never was America to me.)

Let America be the dream the dreamers dreamed--

Let it be that great strong land of love

Where never kings connive nor tyrants scheme

That any man be crushed by one above.

(It never was America to me.)

O, let my land be a land where Liberty

Is crowned with no false patriotic wreath,

But opportunity is real, and life is free,

Equality is in the air we breathe.

(There's never been equality for me,

Nor freedom in this "homeland of the free.")

Say, who are you that mumbles in the dark?

And who are you that draws your veil across the stars?

(...)

Se Hughes obteve permissão divina para assistir a estas eleições, terão celebrado do lado de lá do véu a renovação da esperança de uma América renascida?

Que os deuses o ouçam porque os americanos parecem já ter ouvido. 'Aguardemos' dizem os amigos do Labirinto que votaram para que a América seja América outra vez.



sábado, 15 de novembro de 2008

Homem e Mulher Aranha em Canyon de Chelley


Ainda não se pesquisou aqui pelo Labirinto a origem do herói. Mas no meio do Arizona, num lugar mítico e sagrado para os nativos americanos, Canyon de Chelley, há umas torres com esses nomes cuja lenda remonta à génese do povo. A luz do fim do dia nao beneficiou as minhas fotografias deste lugar, por isso, esta foi emprestada pelo Google imagens.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Do cabaret para o convento

Quem chega ao Nevada e passa a gigante barragem de Hoover Dam, mais para a noitinha, é surpreendido por uma estranha mancha de luz no céu. Como numa noite de lua cheia numa aldeia pouco iluminada, semelhante ao efeito produzido pelas luzes de um estádio iluminado numa noite de jogo, esta surpreendente mancha de luz que descia a montanha comigo era o reflexo das luzes de Vegas, muito ao longe, no céu.
Las Vegas é a cidade do prazer, a cidade do pecado, um recreio para adultos endinheirados, uma espécie de carrasco da moral... nem sei bem como descrever esta cidade artificial que parece querer dizer que o dinheiro pode tudo sem ser preciso sair de Vegas. Que o digam as réplicas de monumentos famosos espalhados pelas ruas.
Las Vegas tem capelas para casamentos apressados, para todos os gostos, e os hoteis prometem romance perfeito nas janelas. Para quem não vem a Vegas casar, pelas ruas da cidade, há homens e mulheres mexicanos e pequeninos que carregam cartazes com mulheres nuas que insinuam o paraíso. Os casinos multiplicam-se e sente-se no ar o cheiro a vício. Em Las Vegas sente-se o aroma da tentação, da luxúria, do jogo, a euforia do imediato. Na zona chamada Strip, o prazer e obrigatório. Os sentidos nao resistem a tanta solicitação.
Cedi: Uma massagem de 10 minutos por 20$. (Ja era tarde para o show australiano de strip masculino)

Agora estou em Salt Lake City, Utah.

Recado: Estive num concerto na sala Avalon. "The Hotel Cafe Tour" é o nome da digressão e vale a pena espreitar os artistas em:
http://www.thehotelcafetour.com/

sábado, 8 de novembro de 2008

Novas da terra de Obama...

... brevissimas e com a promessa de imagens para breve!

Nova Iorque: impressionante, inebriante, veloz. Engoliu-me sucessivamente nos brilhos ininterruptos dos neons de Times Square, no tamanho dos edificios espelhados de Wall Street, na velocidade de gentes e carros na malha de tráfego de Manhatan, nas cores sublimes das árvores de Central Park, na infinita possibilidade da Broadway e dos museus espalhados pela cidade, na sensual decadencia de Harlem ... Deixei Nova Iorque com a certeza de que terei de lá voltar.

Arizona: O olhar perde-se na imensidão do deserto. O espetáculo natural da planície, o Grand canyon, a viagem de regresso à planície ... O tempo aqui passa muito devagar e ainda bem porque a natureza é generosa. O tempo passa muito devagar. Para os meus companheiros de viagem, autóctones, os percursos de um lugar ao outro são pequenos mas só num dia fiz km suficientes para ir de Faro a Vila Real de Trás-os-Montes 2 vezes.

Pinon: O tempo nao existe, para mim, nesta reserva de Indios Navajo. Sinto o espírito deste lugar como se nao houvesse tempo, nem nenhuma outra marca da sociedade que me é familiar. A nação Navajo é um lugar que ultrapassa as fronteiras do estado do Arizona, bem como as da América. Percebemos isso na paisagem, nos rostos, nos Hogans, no silêncio, no peso do passado imprimido nas planícies infindáveis. Não, não há tendas nem primitivos descalços de pena na cabeça, mas nos pré-frabicados com aquecimento central, generosamente oferecidos pelo governo, reina uma identidade que nenhuma tecnologia pode demover.

Não posso escrever mais, por agora. Mas prometo partilhar outros pormenores que tenho anotado num caderninho preto que trago comigo.

Parto rumo a Las Vegas.

p.s. Esta noite nevou. Para quem so tinha visto os dois flocos que cairam no Porto em 198? , estou deliciada.

domingo, 2 de novembro de 2008

a propósito de Keats

(Foto tirada por labirinto- IV 2008)

"My imagination is a monastery and I am its monk."
John Keats

Reflexão

"As pessoas cujo desejo é unicamente a auto-realização, nunca sabem para onde se dirigem. Não podem saber. Numa das acepções da palavra, é obviamente necessário, como o oráculo grego afirmava, conhecermo-nos a nós próprios. É a primeira realização do conhecimento. Mas reconhecer que a alma de um homem é incognoscível é a maior proeza da sabedoria. O derradeiro mistério somos nós próprios. Depois de termos pesado o Sol e medido os passos da Lua e delineado minuciosamente os sete céus, estrela a estrela, restamos ainda nós próprios. Quem poderá calcular a órbita da sua própria alma?"
Oscar Wilde, in 'De Profundis'

sábado, 1 de novembro de 2008

O primeiro dia - Sérgio Godinho

Aprendi a gostar de Sérgio Godinho há uns anos atrás e nenhumas outras palavras poderiam dizer este dia melhor. Brindo nas palavras deste "cantador de histórias" a todos os recomeços, virar de página, inícios de viagem ou, simplesmente, a novos passeios pelo labirinto.

O PRIMEIRO DIA

A principio é simples, anda-se sozinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se bem no silêncio e no borborinho
bebe-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo, dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado, que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se, come-se e alguém nos diz: bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Depois vêm cansaços e o corpo fraqueja
olha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso, por curto que seja
apagam-se dúvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar, sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vazia
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida.

O Vídeo:

quarta-feira, 29 de outubro de 2008




(London: foto tirada por Labirinto)

"Cities have sexes: London is a man, Paris a woman, and New York a well-adjusted transsexual."

Angela Carter (1940–1992), British postmodern novelist. repr. Vintage (1992). Expletives Deleted, essay on James Joyce, New Society (1982).

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Um desejo

Para este dia, apenas um desejo: Não esperar nada e sorrir de tudo!
Como diz Voltaire: " O maior problema e o único que nos deve preocupar é vivermos felizes." Neste momento de metamorfoses e inquietude farei da minha felicidade a minha maior preocupação.

domingo, 26 de outubro de 2008

Is there a God?



Em breve este poderá ser o slogan a circular pelas ruas de Londres. Quanto à tímida negação da existência de Deus, permaneço incrédula. Em relação à recomendação de não me importar e aproveitar a vida, sou uma crente em processo de profunda conversão. Como diriam uns amigos: "Life's a bitch and then you die", logo, há que viver cada instante.

Mirar o Douro

Foto tirada por Labirinto

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Interlude by Morrissey and Siouxie Sioux

Time is like a dream
And now, for a time, you are mine
Let's hold fast to the dream
That tastes and sparkles like wine
Who knows (who knows) If it's real
Or just something we're both dreaming of
What seems like an interlude now
Could be the beginning of love
Loving you Is a world that's strange
So much more than my heart can hold
Loving you Makes the whole world change
Loving you, I could not grow old
No, nobody knows
When love will end
So till then, sweet friend ...
Time is like a dream
And now, for a time, you are mine
Let's hold fast to the dream
That tastes and sparkles like wine
Who knows (who knows)
If it's real
Or just something we're both dreaming of ?
What seems like an interlude now
Could be the beginning of love
What seems like an interlude now
Could be the beginning of love
What seems like an interlude now
Could be the beginning of love.

Para ver o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=yjUKAETwDKg

Meditação Matinal


Cheira a mar aqui da minha janela. O ar fresco da manhã cheira a vida acabada de colher. Estendo o meu corpo na maresia, crendo que ela me pode entender e guarda segredo de tudo o que eu disser. Fecho os olhos e deixo-me penetrar pelo infinito azul. Ao longe, para lá da linha do horizonte, segue um navio sem rumo. Entro e deixo-me levar. Até que algum vento, abraço ou canção me faça regressar. Abro os olhos e aceno. Lá estão a eterna partida e o eterno regresso presos num beijo flamejante de mármore perfeito.
Volto para dentro, agarro o jarro de água e rego as plantas. Não voltarei a deixá-las morrer.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Kiss by Rodin


Existirá o beijo perfeito?
How do I love thee? Let me count the ways.
I love thee to the depth and breadth and height
My soul can reach, when feeling out of sight
For the ends of Being and ideal Grace.
I love thee to the level of every day's
Most quiet need, by sun and candle-light.
I love thee freely, as men strive for right;
I love thee purely, as they turn from praise,
I love thee with the passion put to use
In my old griefs, and with my childhood's faith.
I love thee with a love I seemed to lose
With my lost saints -I love thee with the breath,
Smiles, tears, of all my life! -and, if God choose,
I shall but love thee better after death.

by Elizabeth Barrett Browning

http://www.poemofquotes.com/elizabethbarrettbrowning/
Dear love, for nothing less than thee
Would I have broke this happy dream;
It was a theme
For reason, much too strong for fantasy.
Therefore thou waked'st me wisely; yet
My dream thou brokest not, but continued'st it.
Thou art so true that thoughts of thee suffice
To make dreams truths, and fables histories;
Enter these arms, for since thou thought'st it best,
Not to dream all my dream, let's act the rest.
As lightning, or a taper's light,
Thine eyes, and not thy noise waked me;
Yet I thought thee
—For thou lovest truth—an angel, at first sight;
But when I saw thou saw'st my heart,
And knew'st my thoughts beyond an angel's art,
When thou knew'st what I dreamt, when thou knew'st when
Excess of joy would wake me, and camest then,
I must confess, it could not choose but be
Profane, to think thee any thing but thee.

Coming and staying show'd thee, thee,
But rising makes me doubt, that now
Thou art not thou.
That love is weak where fear's as strong as he;
'Tis not all spirit, pure and brave,
If mixture it of fear, shame, honour have;
Perchance as torches, which must ready be,
Men light and put out, so thou deal'st with me;
Thou camest to kindle, go'st to come; then I
Will dream that hope again, but else would die.


Poem by John Donne
http://www.poemofquotes.com/johndonne/

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Aqui.Hoje.

Aqui. Hoje.
Jorge Luis Borges

Já somos o esquecimento que seremos.
A poeira elementar que nos ignora
e que foi o ruivo Adão e que é agora
todos os homens e que não veremos.
Já somos na tumba as duas datas
do princípio e do término, o esquife,
a obscena corrupção e a mortalha,
os ritos da morte e as elegias.
Não sou o insensato que se aferra
ao mágico sonido de teu nome:
penso com esperança naquele homem
que não saberá que fui sobre a Terra.
Embaixo do indiferente azul do céu
esta meditação é um consolo.

Aqui fica o link para um texto interessante deste escritor, poeta, tradutor, crítico e ensaísta argentino. (Buenos Aires, 24 de Agosto de 1899Genebra, 14 de Junho de 1986)

www2.fcsh.unl.pt/borgesjorgeluis/textos_borgesjorgeluis/textos5.htm

domingo, 19 de outubro de 2008

"There is no past that we can bring back by longing for it. There is only an eternally new now that builds and creates itself out of the best as the past withdraws."

Johann Wolfgang Von Goethe (1749-1832) German poet, novelist and dramatist.

- Alguém saberá sentir o tempo? - perguntou hesitante o labirinto.
- Quem fez as pazes com o passado no minuto em que ele chegou, quem não mutila ou apressa o futuro na pressa de o transformar. - respondeu-lhe o Tempo.
-Se eu não tivesse tanto que fazer... - murmorou o labirinto, caminhando apressadamente para as memórias.

And you, what makes you tick?

To a Friend by Amy Lowell

I ask but one thing of you,only one,
That always you will be my dream of you;
That never shall I wake to find untrue
All this I have believed and rested on,
Forever vanished, like a vision gone
Out into the night. Alas, how few
There are who strike us in a chord we knew
Existed, but so seldem heard its tone
We tremble at the half-forgotten sound.
The world is full of rude awakenings
And heaven-born castles shattered to the ground,
Yes still our human longing vainly clings
To a belief in beauty through all wrongs.
O stay your hand, and leave my heart its songs!

Labirintos


Labirintos são estruturas elaboradas que remontam à Pré-História e foram quase sempre entendidos como espaços sagrados. Encontramo-los em civilizações bastante distantes no tempo e no espaço, entre as quais destaco a Maia, a Grega, a Celta, a Egípcia e a Nativo-Americana. As estruturas, ainda que tivessem sempre herdado traços das mais remotas, distinguem-se principalmente pela lógica, pela simbologia, pela estrutura e também pela finalidade que encerram.

Frequentemente usados para rituais em grupo ou meditação individual, os seus percursos representam, normalmente, um trilho que conduz ao centro e o caminho de volta. Percorrer um labirinto tem sido muitas vezes entendido como uma peregrinação espiritual tripartida. Entrar é o momento de purgação, ou despojamento: o cair do véu. Alcançar o centro é atingir a iluminação, a clarividência e a consciência de si. O trajecto de saída representa a união, a integração e a acção no mundo exterior.

Não tendo este espaço como objectivo explorar exaustivamente as características de cada modelo de labirinto para cada povo e cada época, aproprio-me desta interpretação simbólica para ilustrar a forma como entendo a existência humana: uma peregrinação constante ao centro da complexa alma humana com o objectivo de aprofundar o conhecimento de Si.

Experiências, lugares, olhares, afectos, pessoas, interesses e paixões são, no fundo, coordenadas que nos vão dispersando ou orientando ao longo do percurso. Este espaço serve, para mim, de mapa incompleto e mutável rumo a um qualquer centro, também ele, por definir.