sexta-feira, 28 de novembro de 2008

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A leitura como descoberta

Em resposta à eterna pergunta "Onde nos podemos encontar?" cabe sempre um livro.
Revisito as palavras de Harold Bloom à procura de uma resposta a outra questão que uma leitura disciplinada me impõe responder:"Onde recomeçar?"
"Yet the strongest, most authentical motive for deep reading of the now much abused traditional canon is the search for a difficult pleasure. I am not exactly an erotics-of-reading purveyor, and a pleasurable difficulty seems to me a plausible definition of the Sublime, but a higher pleasure remains the reader's quest. There's a reader's Sublime, and it seems the only secular transcendence we can ever attain,except for the even more precarious transcendence we call "falling in love". I urge you to find what truly comes near to you, that can be used for weighing and for considering. Read deeply, not to believe, not to accept, not to contradict, but to learn to share in that one nature that writes and reads."

Life by Charlotte Bronte

Life, believe, is not a dream
So dark as sages say;
Oft a little morning rain
Foretells a pleasant day.
Sometimes there are clouds of gloom,
But these are transient all;
If the shower will make the roses bloom,
O why lament its fall ?

Rapidly, merrily,
Life's sunny hours flit by,
Gratefully, cheerily,
Enjoy them as they fly !

What though Death at times steps in
And calls our Best away ?
What though sorrow seems to win,
O'er hope, a heavy sway ?
Yet hope again elastic springs,
Unconquered, though she fell;
Still buoyant are her golden wings,
Still strong to bear us well.
Manfully, fearlessly,
The day of trial bear,
For gloriously, victoriously,
Can courage quell despair !

Charlotte Bronte

terça-feira, 18 de novembro de 2008

"I have found, on my walks here a dozen places as I think to which one might fitly go on pilgrimages, but they are sudden, unexpected, secret; no one perhaps, will step that way for weeks, or will see precisely what I saw for months, or even years. Those are the sights which surprise the solitary walker and linger in the memory."


Virginia Woolf, "A Passionate Apprentice"

A cidade dos anjos

(foto google:por enquanto)

Algum recado para as celebridades da setima arte?Hello California! Hello LA!

domingo, 16 de novembro de 2008

Harlem - NYC

(google imagens)

O Labirinto encontrou esta fotografia e nao resistiu. Há por ai um 'artista maldito' a brincar aos médicos e amanhã, mal desperte da anestesia, quero que veja este nu em Harlem que lhe dedico agora. Um nu porque ninguem o entende melhor, em Harlem porque por lá lhe passeia uma parte da alma.

Parques Nacionais - USA

Ainda em Arches - Utah

(Foto por Labirinto)


Parques Nacionais - USA

Arches - Utah






(Fotos por Labirinto)

Parques Nacionais-USA

Mesa Verde - Colorado




(Fotos por Labirinto)

Parques Nacionais - USA


Grand Canyon

(Fotos por Labirinto)



Let America Be America Again by Langston Hughes


Let America be America again.

Let it be the dream it used to be.

Let it be the pioneer on the plain

Seeking a home where he himself is free.

(America never was America to me.)

Let America be the dream the dreamers dreamed--

Let it be that great strong land of love

Where never kings connive nor tyrants scheme

That any man be crushed by one above.

(It never was America to me.)

O, let my land be a land where Liberty

Is crowned with no false patriotic wreath,

But opportunity is real, and life is free,

Equality is in the air we breathe.

(There's never been equality for me,

Nor freedom in this "homeland of the free.")

Say, who are you that mumbles in the dark?

And who are you that draws your veil across the stars?

(...)

Se Hughes obteve permissão divina para assistir a estas eleições, terão celebrado do lado de lá do véu a renovação da esperança de uma América renascida?

Que os deuses o ouçam porque os americanos parecem já ter ouvido. 'Aguardemos' dizem os amigos do Labirinto que votaram para que a América seja América outra vez.



sábado, 15 de novembro de 2008

Homem e Mulher Aranha em Canyon de Chelley


Ainda não se pesquisou aqui pelo Labirinto a origem do herói. Mas no meio do Arizona, num lugar mítico e sagrado para os nativos americanos, Canyon de Chelley, há umas torres com esses nomes cuja lenda remonta à génese do povo. A luz do fim do dia nao beneficiou as minhas fotografias deste lugar, por isso, esta foi emprestada pelo Google imagens.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Do cabaret para o convento

Quem chega ao Nevada e passa a gigante barragem de Hoover Dam, mais para a noitinha, é surpreendido por uma estranha mancha de luz no céu. Como numa noite de lua cheia numa aldeia pouco iluminada, semelhante ao efeito produzido pelas luzes de um estádio iluminado numa noite de jogo, esta surpreendente mancha de luz que descia a montanha comigo era o reflexo das luzes de Vegas, muito ao longe, no céu.
Las Vegas é a cidade do prazer, a cidade do pecado, um recreio para adultos endinheirados, uma espécie de carrasco da moral... nem sei bem como descrever esta cidade artificial que parece querer dizer que o dinheiro pode tudo sem ser preciso sair de Vegas. Que o digam as réplicas de monumentos famosos espalhados pelas ruas.
Las Vegas tem capelas para casamentos apressados, para todos os gostos, e os hoteis prometem romance perfeito nas janelas. Para quem não vem a Vegas casar, pelas ruas da cidade, há homens e mulheres mexicanos e pequeninos que carregam cartazes com mulheres nuas que insinuam o paraíso. Os casinos multiplicam-se e sente-se no ar o cheiro a vício. Em Las Vegas sente-se o aroma da tentação, da luxúria, do jogo, a euforia do imediato. Na zona chamada Strip, o prazer e obrigatório. Os sentidos nao resistem a tanta solicitação.
Cedi: Uma massagem de 10 minutos por 20$. (Ja era tarde para o show australiano de strip masculino)

Agora estou em Salt Lake City, Utah.

Recado: Estive num concerto na sala Avalon. "The Hotel Cafe Tour" é o nome da digressão e vale a pena espreitar os artistas em:
http://www.thehotelcafetour.com/

sábado, 8 de novembro de 2008

Novas da terra de Obama...

... brevissimas e com a promessa de imagens para breve!

Nova Iorque: impressionante, inebriante, veloz. Engoliu-me sucessivamente nos brilhos ininterruptos dos neons de Times Square, no tamanho dos edificios espelhados de Wall Street, na velocidade de gentes e carros na malha de tráfego de Manhatan, nas cores sublimes das árvores de Central Park, na infinita possibilidade da Broadway e dos museus espalhados pela cidade, na sensual decadencia de Harlem ... Deixei Nova Iorque com a certeza de que terei de lá voltar.

Arizona: O olhar perde-se na imensidão do deserto. O espetáculo natural da planície, o Grand canyon, a viagem de regresso à planície ... O tempo aqui passa muito devagar e ainda bem porque a natureza é generosa. O tempo passa muito devagar. Para os meus companheiros de viagem, autóctones, os percursos de um lugar ao outro são pequenos mas só num dia fiz km suficientes para ir de Faro a Vila Real de Trás-os-Montes 2 vezes.

Pinon: O tempo nao existe, para mim, nesta reserva de Indios Navajo. Sinto o espírito deste lugar como se nao houvesse tempo, nem nenhuma outra marca da sociedade que me é familiar. A nação Navajo é um lugar que ultrapassa as fronteiras do estado do Arizona, bem como as da América. Percebemos isso na paisagem, nos rostos, nos Hogans, no silêncio, no peso do passado imprimido nas planícies infindáveis. Não, não há tendas nem primitivos descalços de pena na cabeça, mas nos pré-frabicados com aquecimento central, generosamente oferecidos pelo governo, reina uma identidade que nenhuma tecnologia pode demover.

Não posso escrever mais, por agora. Mas prometo partilhar outros pormenores que tenho anotado num caderninho preto que trago comigo.

Parto rumo a Las Vegas.

p.s. Esta noite nevou. Para quem so tinha visto os dois flocos que cairam no Porto em 198? , estou deliciada.

domingo, 2 de novembro de 2008

a propósito de Keats

(Foto tirada por labirinto- IV 2008)

"My imagination is a monastery and I am its monk."
John Keats

Reflexão

"As pessoas cujo desejo é unicamente a auto-realização, nunca sabem para onde se dirigem. Não podem saber. Numa das acepções da palavra, é obviamente necessário, como o oráculo grego afirmava, conhecermo-nos a nós próprios. É a primeira realização do conhecimento. Mas reconhecer que a alma de um homem é incognoscível é a maior proeza da sabedoria. O derradeiro mistério somos nós próprios. Depois de termos pesado o Sol e medido os passos da Lua e delineado minuciosamente os sete céus, estrela a estrela, restamos ainda nós próprios. Quem poderá calcular a órbita da sua própria alma?"
Oscar Wilde, in 'De Profundis'

sábado, 1 de novembro de 2008

O primeiro dia - Sérgio Godinho

Aprendi a gostar de Sérgio Godinho há uns anos atrás e nenhumas outras palavras poderiam dizer este dia melhor. Brindo nas palavras deste "cantador de histórias" a todos os recomeços, virar de página, inícios de viagem ou, simplesmente, a novos passeios pelo labirinto.

O PRIMEIRO DIA

A principio é simples, anda-se sozinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se bem no silêncio e no borborinho
bebe-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo, dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado, que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se, come-se e alguém nos diz: bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Depois vêm cansaços e o corpo fraqueja
olha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso, por curto que seja
apagam-se dúvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar, sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vazia
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida.

O Vídeo: