Cheira a mar aqui da minha janela. O ar fresco da manhã cheira a vida acabada de colher. Estendo o meu corpo na maresia, crendo que ela me pode entender e guarda segredo de tudo o que eu disser. Fecho os olhos e deixo-me penetrar pelo infinito azul. Ao longe, para lá da linha do horizonte, segue um navio sem rumo. Entro e deixo-me levar. Até que algum vento, abraço ou canção me faça regressar. Abro os olhos e aceno. Lá estão a eterna partida e o eterno regresso presos num beijo flamejante de mármore perfeito.
Volto para dentro, agarro o jarro de água e rego as plantas. Não voltarei a deixá-las morrer.
2 comentários:
Olá minha querida amiga
Eis uma bela oração, aliando as vertentes do sonho, da viagem, do regresso à realidade.
Mas esta já nos solicita uma atenção mais cuidada.
A perfeição continua sempre a ser o velho ideal platónico, em que a imagem se subjuga à ideia, a carne ao espírito...
Na imaculada brancura da mármore polida...por mãos humanas.
Beijinho
Isabel
A purificação do outro em que somos... Resguardando o sal... a imutabilidade cíclica das nossas vestes. Eis que nem todas as plantas requerem água e a velha necessidade de insistir na fertilidade do deserto...
Mimo
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